Pensei no Chico do Ernesto, que nunca vi dormir no dia 31 de dezembro após as dez da noite, aliás, como fazia todos os dias. “Sono recuperador é o de antes da meia-noite e, pra mim, todo dia que acordo é um dia novo e nele começa outro ano”, dizia. Frase esta que sempre me levou a pensar que essa história de comemorar ano novo é uma invencionice! É uma comercialização da esperança. Uma medida ilusória da passagem do tempo.
A gente, de tanto ver as pessoas reclamarem que estão cansadas e que se o ano não acabasse morreriam, até tem a tendência de acreditar. Mas o que acontece? Neguinho passa a virada, enche a cara de Sidra, devora o coitado do porco, só porque fuça pra frente, come lentilha, pula onda e joga flor no mar. Na manhã seguinte, dia primeiro, acorda com gosto de cabo de guarda-chuva na boca, mas acreditando no milagre da renovação, já se sentindo descansado e acreditando que dali para adiante tudo vai ser diferente. Mero engano.
Tudo que existe em dezembro deste ano continuará existindo em janeiro do próximo. O sistema público de saúde, de educação, de segurança e os maus políticos continuarão os mesmos. Bom, sai o Lula e entra a Dilma. Quem sabe, mude. Aqui na nossa paróquia, os vereadores, “experts”, continuarão discutindo o planejamento urbano, rua por rua, o aumento da passagem de ônibus e o prefeito inaugurando calçadas e semáforos. E a minha descrença continua. Como diria minha amiga Cris: “ÓhmoDeus! Será que isto muda um dia?”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário