terça-feira, 5 de março de 2013

Encontro

Fazia tempo que eu não via o Gordurinha. Num desses acasos da vida, vinha eu pela BR-101 Sul e parei em um posto de gasolina para fazer um pit stop. Dei de cara com o amigo matando um espeto corrido. “E aí, Gordura como andam as coisas”? “Beleza, brother! E contigo?” “Tudo t’ranks’”, respondi. Sentei e passei a almoçar com ele. Inevitável não começar o papo com assuntos fitoterápicos, já que a genética é a mesma e a herança, também. Pata-de-vaca, jambolão, pó de maracujá, de berinjela, batata Yacon, gengibre, semente de chia e afins, baseados na experiência adquirida, dia a dia, por dois sessentões com diabetes e prostatite e ávidos para trocar experiências. O assunto é primordial. É incrível como o pensamento da gente muda conforme o tempo vai passando. Quando se tinha vinte anos, quem tinha sessenta era velho. Quando se tem sessenta, a gente se sente um guri, e ancião é quem tem oitenta! Colocado em dia o receituário e as novas ervas para aliviar as neuras e a pressão das moléstias hereditárias, veio o segundo assunto, também inevitável. O terrorismo contra os ônibus. Papo vai, papo vem, chegamos na prisão dos advogados. Disse ele: “Viste o caso dos advogados? Não consigo entender como uns meninos com formação acadêmica, tendo uma carreira pela frente, entram numa fria dessas”. “Pois é”, respondi, “imagino ser pelo lucro fácil. O problema é que complicam a própria vida com a ganância”. “Cara, tudo bem que os caras queiram ganhar dinheiro fácil, para ter vida fácil. Mas ainda prefiro a filosofia do Chico do Ernesto: a ocasião só faz o furto. O ladrão já está feito há tempos! Fico, filosoficamente, dividido entre ganância e má índole. Entendo que sabiam do risco e que, se foram pegos, têm que pagar. Daí me impressiona, quando leio no jornal (“AN”, 22/2/2013) que o advogado presidente da OAB de Joinville foi até o Batalhão da Polícia Militar visitar as instalações onde os colegas de profissão estavam ‘alojados’ para ver se tinham condições para receber os seletos convidados e, pasme, se o local está dentro do que prevê o Estatuto da Ordem. Quer dizer, participar de crimes, tudo bem. Pagar igual aos outros, não. Uma pena, pois tiveram a chance de estudar, diferentemente dos outros presos, e não aproveitaram”. “É. Da para pensar. Até a próxima, bro!” Disse eu, me despedindo.

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