quarta-feira, 18 de abril de 2012

Planejar a cidade

Na coluna “AN Portal” (29/3), o jornalista Jefferson Saavedra pergunta: “Será que pode?” E escreve: “O Ippuj está analisando se os vereadores não estariam incorrendo em vício de origem ao propor mudanças no Plano Diretor. A referência é em relação às áreas rurais de transição, a serem transformadas em áreas de expansão urbana, modalidade que não estaria prevista no PD de Joinville”.

Considerando que o formato da cidade é um desejo da sociedade que a compõe, fica presente na mente e nas relações de uso de seus habitantes que os espaços que a formam devem correlacionar-se entre si, para que possa se refletir no melhor possível em termos de uso, de acessibilidade, de segurança e de conforto da sua população.

Óbvio que existem vários entendimentos do que é e de como funciona uma cidade. No entanto, pode-se depreender que essas, independentemente de tamanho e origem, são uma síntese real do pensar e do agir, em cada momento, de seus gestores e de seus habitantes.

Vários pensadores entendem que as classes sociais não têm o mesmo tipo de expectativa sobre a forma das cidades, devido às suas visões contraditórias, que advêm dos distintos modos de vida no produzir, no usar e no avaliar o espaço urbano em que vivem.

Entende-se que dentro de uma cidade existam “várias cidades”, pautadas na sua população diversa e desigual econômica e culturalmente, criando impasses e pensamentos difusos. Surge, então, uma dificuldade para se atender a todos os anseios da população. Os planos diretores, por meio da interpretação das audiências públicas e de todas as formas de manifestações tentam uma harmonização.

O Estatuto da Cidade, lei de 10/7/2001, regulamenta o capítulo “Política Urbana” da Constituição e tem como objetivo formalizar técnica e juridicamente o uso e o parcelamento do solo, direcionando as cidades a se estruturarem para atenuar seus problemas, com um planejamento urbano definido, um Plano Diretor bem elaborado e um trabalho gradativo e fiscalizador, que ultrapassem interesses e mandatos eletivos dos gestores municipais.

Joinvilenses despenderam horas para elaborar o Plano Diretor. Em minha opinião, não é legal nossos edis, eleitos que foram para tal, não contentes com o andamento de uma das leis de regulamentação, a Lei de Ordenamento Territorial (LOT), pretenderem ampliar o perímetro urbano, indo ao contrário do que preconiza o nosso Plano Diretor.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Páscoa

Quando entro nos supermercados e vejo a infinidade de ovos de chocolate, de marcas variadas, pendurados como se fossem cachos de uva em parreira, volto, mentalmente, ao meu tempo de infância nos anos 1950/60.

Hoje, vivemos em um mundo totalmente diferente daquele de 50 anos atrás devido aos avanços tecnológicos e as, consequentes, mudanças de hábitos, mas, entendo que a Páscoa ainda resiste ao apelo consumista de outras datas, a não ser pelos chocolates.

Para nós, crianças, Páscoa era uma festividade gostosa. E o que a gente tinha? Nossa mãe pegava ovos de galinhas, das nossas, no galinheiro no fundo do quintal, e pintava-os com tinta guache, dando a eles um colorido especial. Dentro, umas balinhas miudinhas e coloridas ou amendoim com açúcar que ela mandava a gente comprar no Jorge Mayerle, grande comércio atacadista que ficava na esquina da avenida Getúlio Vargas com a rua Anita Garibaldi.

No domingo de Páscoa, bem cedo, saíamos, eu e meus irmãos, pelo jardim da casa procurando nossos ovinhos e colocando-os numa cestinha de vime. Era uma festa. A maioria das famílias de Joinville fazia este ritual com suas crianças. De quebra, nossa mãe colocava uns pacotinhos de bala de goma e quando o ano tinha sido bom a gente ganhava um bombom da Neugebauer e, se desse sorte, bombons de licor da Buschle, fabricados em São Bento do Sul.

Na minha memória de sessentão ainda pulsam esses acontecimentos e lembranças. Sei que, em cada época, pratica-se a liturgia mais adequada para reviver o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Mas sobrestimo, com riqueza de detalhes, os momentos vividos com meus irmãos e vizinhos, naqueles que eram outros tempos. Ritos que marcaram nossas emoções e trazem, ainda hoje, as melhores lembranças.

Nos anos 1980, repeti estes rituais com meus filhos e tenho reforçado as lembranças maravilhosas da alegria deles ao descobrir cada ovinho de galinha recheado com balas e, também já nesta época, ovos e coelhinhos de chocolate. Coisa boa era esconder, espalhar pelo jardim as guloseimas para que eles procurassem e sentissem as mesmas emoções que senti quando criança. Preservar a tradição faz a gente recordar os momentos vividos e, fatalmente, nossos filhos as recordarão e as repetirão com os seus.

Feliz Páscoa a todos.