Quando entro nos supermercados e vejo a infinidade de ovos de chocolate, de marcas variadas, pendurados como se fossem cachos de uva em parreira, volto, mentalmente, ao meu tempo de infância nos anos 1950/60.
Hoje, vivemos em um mundo totalmente diferente daquele de 50 anos atrás devido aos avanços tecnológicos e as, consequentes, mudanças de hábitos, mas, entendo que a Páscoa ainda resiste ao apelo consumista de outras datas, a não ser pelos chocolates.
Para nós, crianças, Páscoa era uma festividade gostosa. E o que a gente tinha? Nossa mãe pegava ovos de galinhas, das nossas, no galinheiro no fundo do quintal, e pintava-os com tinta guache, dando a eles um colorido especial. Dentro, umas balinhas miudinhas e coloridas ou amendoim com açúcar que ela mandava a gente comprar no Jorge Mayerle, grande comércio atacadista que ficava na esquina da avenida Getúlio Vargas com a rua Anita Garibaldi.
No domingo de Páscoa, bem cedo, saíamos, eu e meus irmãos, pelo jardim da casa procurando nossos ovinhos e colocando-os numa cestinha de vime. Era uma festa. A maioria das famílias de Joinville fazia este ritual com suas crianças. De quebra, nossa mãe colocava uns pacotinhos de bala de goma e quando o ano tinha sido bom a gente ganhava um bombom da Neugebauer e, se desse sorte, bombons de licor da Buschle, fabricados em São Bento do Sul.
Na minha memória de sessentão ainda pulsam esses acontecimentos e lembranças. Sei que, em cada época, pratica-se a liturgia mais adequada para reviver o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Mas sobrestimo, com riqueza de detalhes, os momentos vividos com meus irmãos e vizinhos, naqueles que eram outros tempos. Ritos que marcaram nossas emoções e trazem, ainda hoje, as melhores lembranças.
Nos anos 1980, repeti estes rituais com meus filhos e tenho reforçado as lembranças maravilhosas da alegria deles ao descobrir cada ovinho de galinha recheado com balas e, também já nesta época, ovos e coelhinhos de chocolate. Coisa boa era esconder, espalhar pelo jardim as guloseimas para que eles procurassem e sentissem as mesmas emoções que senti quando criança. Preservar a tradição faz a gente recordar os momentos vividos e, fatalmente, nossos filhos as recordarão e as repetirão com os seus.
Feliz Páscoa a todos.
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