Que Joinville é a Cidade das Flores, todos nós sabemos (apesar de já ter sido muito mais), pois convivemos com elas durante todo o ano, nas praças e nos jardins das residências. Dizia um amigo meu, que não é daqui, outro dia, que é capricho de alemão. Eu lhe respondi: “Sem dúvida que a nossa origem ajuda, mas, hoje, apesar de ela ser uma cidade miscigenada e cosmopolita, ainda se insiste em conservar o hábito de ter jardim em casa”, pois o plano diretor vigente propõe isto. Apesar de que se tem falado muito em verticalização, em condensar para diminuir o custo da cidade, eu, sinceramente, espero que não aconteça. Uma das coisas mais agradáveis de Joinville é andar pelas ruas observando os jardins das casas e vê-las separadas umas das outras e não grudadas sem ventilação e sem sol nas janelas, como se vê em outras cidades.
Não sei se todos notam, mas uma das características mais marcantes e belas da nossa região se apresenta nesta época de final de ano.
Este era o tempo de escutar meu pai dizer: “Jacatirão floresceu, tem caranguejo correndo no mangue”. 24 de dezembro era dia de caranguejada em casa, acompanhada de pirão de feijão-preto, salada de cebola e tomate e uma boa “Faixa Azul” da Antarctica, além de olhar do quintal de casa para o morro do Boa Vista e observar o multicolorido das flores do jacatirão.
Olhar para as matas que circundam Joinville, nesta época do ano, é se deliciar com a combinação das cores das flores, daquela que para mim é a árvore-símbolo da minha cidade, o jacatirão, que nestes meses de verão enfeita as ruas, os morros e matas com suas flores brancas, rosas e lilases.
Por coincidência ou não, com o florescer do jacatirão a natureza anuncia a chegada de um tempo que nos leva a reflexões: o Natal e o Ano-novo!
Não sei se é impressão minha ou bairrismo, mas flores de jacatirão como as que temos em Joinville e arredores, enfeitando e caracterizando as festas de final de ano, não existem em nenhum outro lugar. Flores singelas, mas de vigorosa expressão, que traduzem a força da natureza que nos cerca e parecem trazer com seu viço a força do renascimento, características de final de ano, independentemente dos nossos sonhos, carências ou frustrações.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Ferias
“Pega uma enxada e vai lá no bananal do Chico Feio pegar minhocas. Chama o Tinho e o Pinga pra ajudar, se é que eles querem ir pescar com a gente lá no trapiche da Stein. Já preparei quatro caniços e vamos ver se pegamos uns carás, que a vó Maria tá com vontade de comer. Às quatro, vai ter futebol no campo do areão, daí a gente aproveita e bate uma bola”, disse o Gordura, com a autoridade de irmão mais velho.
Esta era uma época feliz para nós, crianças. Dezembro. Férias. As ruas do Bucarein ficavam alegres com as algazarras e brincadeiras. Pescar no trapiche da Stein, jogar futebol no areão, brincar de pega-pega, jogar taco, peca (bolas de gude), pião, andar de bicicleta ou brincar de se esconder nos depósitos de madeira da Brandt e da Gugelmin, no tempo em que madeira era pinho e não pínus, era o que se fazia para passar o tempo. Os pais ficavam despreocupados, e a um assovio a gente já se apresentava continente. Sempre tinha uma mãe para nos oferecer uma fatia de cuca ou uma bolacha “mata-fome” com capilé de groselha e já estávamos pronto para uma nova brincadeira.
A Gastão de Vidigal, a rua da minha infância, numa época de chão batido, valetas abertas, poeira, chafariz na esquina com a rua Laguna, postes de madeira, enchentes na lua cheia e quando tinha as marés de sete anos, a fábrica da Ambalit, o trem que nos dava carona até o moinho, em cujo porto atracavam os navios Catarina e Urbano, as cegonheiras descarregando Rurais, Aero Willys e Gordines no terreno onde está hoje o Colégio Celso Ramos, fervia e vibrava com o Xande, Gordurinha, Tota, Nato, Babi, Tinho, Ninho, Dil, Dido, Pirulito do Chico, Carijó, Serginho Shereda, Cláudio, Xuxu, Pinga, Sapo e muitos outros.
Andar na Gastão agora é triste, pois as férias começaram e a gente não vê algazarra na rua. Hoje, são Gabriéis, Anas, Letícias, Rosas, Vitórias, Giselis que não interagem mais com o lúdico, com o criativo. Não correm, não sacaneiam as outras crianças, não põem apelidos.
Novos tempos sem o assovio dos pais, mas com bolachas recheadas, chips, refrigerantes, video game, computador, internet e Facebook.
É, como diz meu amigo Tinho (Orestes João dos Passos), tudo muda, mas os que viveram naquela época, de certeza, viveram momentos mais felizes.
Esta era uma época feliz para nós, crianças. Dezembro. Férias. As ruas do Bucarein ficavam alegres com as algazarras e brincadeiras. Pescar no trapiche da Stein, jogar futebol no areão, brincar de pega-pega, jogar taco, peca (bolas de gude), pião, andar de bicicleta ou brincar de se esconder nos depósitos de madeira da Brandt e da Gugelmin, no tempo em que madeira era pinho e não pínus, era o que se fazia para passar o tempo. Os pais ficavam despreocupados, e a um assovio a gente já se apresentava continente. Sempre tinha uma mãe para nos oferecer uma fatia de cuca ou uma bolacha “mata-fome” com capilé de groselha e já estávamos pronto para uma nova brincadeira.
A Gastão de Vidigal, a rua da minha infância, numa época de chão batido, valetas abertas, poeira, chafariz na esquina com a rua Laguna, postes de madeira, enchentes na lua cheia e quando tinha as marés de sete anos, a fábrica da Ambalit, o trem que nos dava carona até o moinho, em cujo porto atracavam os navios Catarina e Urbano, as cegonheiras descarregando Rurais, Aero Willys e Gordines no terreno onde está hoje o Colégio Celso Ramos, fervia e vibrava com o Xande, Gordurinha, Tota, Nato, Babi, Tinho, Ninho, Dil, Dido, Pirulito do Chico, Carijó, Serginho Shereda, Cláudio, Xuxu, Pinga, Sapo e muitos outros.
Andar na Gastão agora é triste, pois as férias começaram e a gente não vê algazarra na rua. Hoje, são Gabriéis, Anas, Letícias, Rosas, Vitórias, Giselis que não interagem mais com o lúdico, com o criativo. Não correm, não sacaneiam as outras crianças, não põem apelidos.
Novos tempos sem o assovio dos pais, mas com bolachas recheadas, chips, refrigerantes, video game, computador, internet e Facebook.
É, como diz meu amigo Tinho (Orestes João dos Passos), tudo muda, mas os que viveram naquela época, de certeza, viveram momentos mais felizes.
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