terça-feira, 25 de setembro de 2012

Juarez Machado

Quis ir no dia em que começou a exposição do artista em Florianópolis. “Soixante-dix”. Estavam lá vários amigos de Joinville. Tive problemas e não deu. Não revi os amigos e nem tive o prazer de conhecer este cidadão que tanto honra a nossa terra. Fui no último dia da exposição. Estudei o ginásio no Colégio Bom Jesus com o Edson, irmão dele, e hoje entendo por que este vivia desenhando nas aulas de matemática e de geografia dos professores Castanheira e Aluizius Sehnem, respectivamente. Na exposição aparecem entrevistas, que fiquei apreciando, e pelos dizeres do Juarez, seu João, pai deles, fez com o Edson o mesmo que fez com ele, encaminhando-os para os desígnios da arte, cada um no seu momento e com suas propriedades. Relembrei dos tempos do Bonja e dei boas risadas quando ele contou que levou algumas reguadas da diretora, por nas aulas ficar desenhando mulheres peladas. Ri, pois me veio à mente a lembrança da dona Ana Maria Harger, diretora do colégio nas décadas de 1950 e 60, chamando o meu amigo Pinga de “sua joia” e quebrando a famosa vara, que sempre a acompanhava, nas suas costas, devido a alguma peraltice que ele teria feito. Hoje ela seria processada, mas aqueles eram outros tempos, de outro tipo de educação, de outros tipos de pais e filhos. A arte é uma forma de expressão que mostra as emoções, a história e a cultura, e estas, eu pude apreciar nos 70 quadros expostos. A pintura das suas figuras humanas sempre com um representar diferente, em cada tela, foi um deleite. Tenho comigo que os artistas são seres diferentes, além do nosso tempo. Colocam nas telas sensações que uma pessoa comum não consegue ao menos imaginar, por mais que se esforce. Se os artistas são pessoas iguais às outras, de onde vem a diferença? Não sei. Só sei que quando se observam quadros de um artista desse calibre, a gente se transporta para outro mundo. Fico pensando quantas horas ele ficou treinando suas mãos para obedecerem a sua imaginação e interpretarem seus sentimentos. Uma pena a exposição não ser apresentada em Joinville e aos joinvilenses. Imagino que se lhe fossem dadas as condições de expor aqui, isto lhe honraria e seria, também, uma homenagem da terra em que nasceu e à qual ele não cansa de declarar amor, independentemente do local em que a vida o leve a viver.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Moral

“Um revolucionário pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral”. Esta frase é atribuída a Fidel Castro. Não está escrita aqui porque eu seja fã dele. Aliás, é o contrário, pois eu conheço Cuba e, tirando os cubanos e as belezas naturais, o resto é uma vergonha. Uma revolução dita para libertar o povo do imperialismo americano e que, na verdade, levou o povo a viver numa pobreza de dar dó, sem qualquer liberdade de atos e de expressão. Para mim, essa não passa de mais uma das frases de efeito político e que, neste momento de eleições, se somam a tantas outras que fluem em grande quantidade pelas bocas dos candidatos com a maior desfaçatez. No Brasil recente, acontece exatamente o oposto do que disse o ditador cubano. Os nossos políticos revolucionários não perdem a família, a liberdade e a vida. Se olharmos bem, veremos que o que fazem de melhor é se locupletar. No que se refere à moral, o que a gente vê são os possuidores de cargos, ditos importantes, sem qualquer vergonha de mostrar que não a têm. Dizia meu amigo Pirulito outro dia, referindo-se aos programas políticos assistidos na TV: “Ainda não morreu a minha esperança de ver gente séria na política. A esperança de ter a presença física de políticos que me passem confiança. Assisto aos programas e tento enxergar a ética e a moral dos candidatos. O que me passa, se é que meu senso de moral não está atravessado, é que a moral da maioria dos candidatos contém sempre algo de imoral”. “Mas o que está aí, está posto”, disse-lhe eu. “Eu sei”, respondeu, “mas não podemos ser cúmplices desta chacina moral que estão nos impondo e às novas gerações. Se nos querem subjugar lentamente com atos imorais e subterfúgios, acho que devemos resistir com dignidade. Entendo que o passado é lição para se meditar, e em cima deste pensamento fico pensando em como escolher o meu candidato a prefeito”. “Se te posso dar um conselho”, disse-lhe: “Vote em quem moralmente tem o que perder. Vote naquele que tendo o seu nome subjugado ao crivo da sociedade, por ser acusado de fazer malfeito ou errado, não resistirá. Pegará o seu chicote e se açoitará até sangrar!” Talvez não seja fácil, dadas as circunstâncias, descobrir quem! Mas sempre há que se achar uma forma!