terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Turma de 1975

Quando meu pai me deu os 200 cruzeiros, janeiro de 1971, para ir de Joinville a Piracicaba, SP, prestar o vestibular, um novo mundo se descortinou para mim. Nunca contei para ele, mas quando desci no Petropen em Registro, onde o ônibus da Penha fez um “pit stop”, minhas pernas tremeram. Tinha 17 anos e ia para uma cidade a cerca de 700 km, tentar fazer um curso superior. Depois de uma noite no busão fui para faculdade me inscrever. Inscrito, conversei com o Pedro Sega, presidente do centro acadêmico, pouco atuante em tempos de AI5, mas que ajudava os forasteiros que se aventuravam, como eu, a ir para o interior de São Paulo cursar faculdade. “Poderias me dizer onde posso arrumar um quarto para ficar enquanto faço vestibular? ” perguntei. “Craro. Pega as dereita, vira as esquerda, ali tem uma repúbrica. Fala com o Horita. Estamos fazendo exames de segunda época”, respondeu. O curso era anual e, por sorte, os exames eram naquela semana. Pronto. Estava na cidade onde o passarinho faz pir. Naquela noite estreei como “marreco” em “Piracity”. A noite, o Horita me convidou para sair e fomos numa lanchonete da Vila Resende. Entre um gole e outro, fui “batizado” e nos anos seguintes não escutei ninguém me chamar pelo nome, só de Catarina. Apelidos eram comuns entre os alunos e na minha turma tinha, entre outros: Pescoço, Santista, Bico, Vanusa, Xilim, Nardo, Xeroso, Vermeio, Velho, Simona, Baiano e Cacá. Até os professores nos chamavam assim, pois éramos de uma faculdade que só tinha o curso de engenharia civil e todos se conheciam e viviam aquela amizade característica do interior. Depois da gente tomar várias “loiras geladas” intercaladas por “marditas”, cachaça da região, o João Prudente falou: “a conta”. O garçom trouxe e o Josmar, maior contador de histórias que conheci em Piracity, olhou e disse: “vamos pagar com um pique”! Alguém vociferou: “corre Catarina”! Cabaço, não corri. Paguei a conta. Encontrei-os na república rindo, mas me devolveram a parte deles. Estreei como calouro e, ainda, nem tinha feito o vestibular. Vivi de 1971 a 75 naquela espetacular cidade. Fizemos, em dezembro/2015, 40 anos de formados e nos reunimos em Pira. Foi muito prazeroso encontrar aqueles jovens sonhadores, agora senhores grisalhos, saber como estão e reviver histórias daqueles bons tempos.