terça-feira, 17 de junho de 2014

O FANATISMO DAS TORCIDAS

– E aí, Gordurinha, empolgado com a Copa? – perguntei. – Pô, Pirulito, tu sabes que gosto de futebol, mas que não torço por time nenhum. Aliás, para ser sincero, torço sempre para o ganhador. Não tenho problema nenhum em começar o jogo corintiano e acabar palmeirense. O carinha troca de casa, de carro, de emprego e até de parceira, e não troca de time de futebol? Burrice. Torcer para um time só te torna fanático. Quando vejo o fanatismo das torcidas fico meio arredio em frequentar estádios. Imagina ir ver o time que gosta e morrer com um vaso sanitário na cabeça, lançada por um fanático qualquer, como aconteceu em Recife? – Pois é, brother, que loucura. – O amor pelo futebol pode ser aceitável, mas, em vez de ser encarado como um lazer, acaba sendo, por muitos torcedores fanáticos, um desatino exagerado, virando doença, e aí não dá. Não consigo entender carinhas, na maioria das vezes financeiramente ferrados, viajando para assistir a jogos do seu time em outros Estados. Tem cara que ganha uma camisa com as cores do maior adversário e não veste. Neguinho coloca a amizade em risco se o outro falar mal do seu time. Até acho que futebol é saudável enquanto é tratado como lazer e prazer, mas entendo que colocá-lo como uma crença, tornando-se fanático, leva o indivíduo a agir irracionalmente. Vira um comportamento doentio, no qual o mundo gira apenas em torno do futebol e de seu time. Estou fora! Retruquei: – Cara, por falar nisto, eu tinha um casal de amigos que a mulher era louca pelo Vasco. Um domingo qualquer, fomos almoçar juntos e, ao voltarmos para a casa deles, vimos a porta da casa arrombada. Como manda o figurino, entramos devagarinho, até nos certificarmos que os larápios já tinham se evadido. De repente, escutamos um grito da mulher dele: “Flamenguista nojento!” Corremos até o quarto onde ela estava. Vascaína doente, daquelas de escutar o jogo com o radinho de pilhas grudado na orelha esquerda, porque na direita dava azar, estava petrificada olhando para a cama. Rapaz, que imagem patética. Acho que o larápio, pelo feito, era mesmo flamenguista. A cena era dantesca: a camisa do Vasco estendida sobre a cama do casal e em cima uma horrorosa obra. Ainda por cima, era um ladrão pândego e cagão. Meu amigo até hoje paga analista para a mulher dele, pois a visão daquele ato, para uma torcedora fanática, é coisa que só análise resolve. Cena para se dar uma bela gargalhada, mas quem teria coragem? Não sairia dali vivo!