terça-feira, 29 de maio de 2012

Vacina E aí, Pirulito, tudo beleza? “Beleza nada, cara. Tem coisas que não entendo e fico cabreiro. Nós dois somos cancerianos sonhadores, certo? Pois aniversariamos no mês que vem. Sessentaço! Daí, como está faltando gente de idade, sei lá se por medo ou por falta de interesse, para se vacinar contra a gripe, pensei: ‘Por um mês não sou do grupo de risco e que tem direito a tomar a vacina de graça, então, vou lá ao posto de saúde e arriscar. Numa dessas me fornecem’. Sabes que na nossa profissão de professores estamos, extremamente, suscetíveis a encarar uma H1N1 e ter que ficar uns dias em casa e os alunos sem aula. O pior é que antes disso a gente vai contaminar uma galera, pois na nossa idade a gente não fala sem cuspir nos coitados dos alunos.” Se o Ministério da Saúde prorrogou em mais uma semana a campanha de vacinação, que vai agora até o dia 1º de junho, pois está longe de alcançar a meta prevista e estipulada, me escalei e fui ao posto, até porque entendo que professor deveria estar na lista dos agraciados com esta benesse do governo, mesmo que fosse pra não faltar ao serviço. Cara, na chegada já fui me desiludindo, pois a moça que, pretensamente, ia me espetar não tinha cara de bons amigos. Tudo bem. Sou um coroa simpático e fui levando uma conversa com ela, pois tinha consciência de que estava fora do grupo, afinal, faço 60 anos, como tu, só no mês que vem. Não deu outra. ‘O senhor está fora da idade estipulada!’. ‘Eu sei’, respondi, ‘mas veja bem, pelo que tenho lido, o nosso ministro da Saúde prorrogou a campanha porque pouco mais de 50% dos que têm direito vieram se vacinar. Como estou na beira de entrar no grupo de risco e estou interessado, vim’. ‘É, mas não dá. Regra é regra e tem que ser cumprida!’. Pensei, então, comigo mesmo, convencido de que o mundo não está perdido, pois ainda tem gente honesta: ‘Esta poderia ser vereadora ou deputada. Cumpre o seu dever com afinco, precisão e sem desídia!’” Como perco o amigo, mas não perco a piada, falei: “Pô, Pirulito, se queres tomar a vacina de graça por que não vais ali naquela loja e rouba uma camiseta?” Ele assustado me questionou: “Estás louco?” Respondi: “Louco nada! Pela regra do governo, professor não tem direito, mas presidiário tem! Aí tu se aproveita da lógica às avessas!”

terça-feira, 15 de maio de 2012

O poder da escolha E aí, Gordura, preparado para as próximas eleições? “Cara, estou com total descrédito no processo, a não ser que fosse para eleger gente realmente nova. Aliás, o artigo ‘Corrida desigual’ (7/5), publicado em ‘A Notícia’, de Jordi Castan, faz uma boa comparação entre a disputa eleitoral dos novos candidatos a vereadores em Joinville e a dos atuais, que por estarem estes há tempos encastelados na Câmara utilizam de apoio logístico pago pelo erário. Disse ele: ‘Uma alternativa para que esta corrida tão desigual permita o emparelhamento de todos os concorrentes com as mesmas chances só poderia acontecer se houvesse uma mobilização a favor da não renovação de nenhum dos atuais vereadores.’” “Com isso, ele insinua e estimula que chegue ao próximo Legislativo uma nova leva de cidadãos desprovidos de vícios adquiridos, formando uma Câmara com novas ideias e práticas. Confesso que a ideia compactua com a minha”, disse o Gordura. “É meio utópica, pois sabemos que quem já está no mandato tem muito mais possibilidades de se reeleger, já que teve o nome veiculado na mídia por quatro anos, teve a chance de participar de eventos e até de fazer favores com as benesses do erário, como se fossem seus”. Fiquei pensando nesses argumentos e refletindo que, diante das mesmas cabeças influenciando e definindo os rumos da cidade durante um longo tempo, fica difícil surgir ideias novas. Urge, então, se queremos melhorar a cidade, a necessidade de mudar, e isso só cabe a nós, eleitores, reprovando nas urnas aqueles que pretendem se perpetuar no poder, como se tivessem direito adquirido. A alternância de poder é um dos princípios basilares da democracia para evitar a perpetuidade de político que se limita a se locupletar e ao vício da caça de voto, esquecendo-se de fazer um bom serviço para a comunidade que o elegeu e pelo qual foi bem remunerado. Infelizmente, muitos se encantam com belos discursos, com a força dos recursos do marketing político, se iludem com sujeitos carismáticos, com sobrenomes famosos, ou mesmo com auxílios financeiros repassados não sei como por cabos eleitorais. Avaliando tudo isto, resolvi: estou dentro! Vou escolher e votar em gente que nunca se elegeu!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Corrupção

*“Mais vale andar só do que mal acompanhado” é um ditado antigo que a gente escutava nas ruas do Bucarein, desde pequeno, quando os mais velhos queriam dizer para a gente se afastar de alguém que no entender deles não era boa companhia. Num destes finais de semana, várias pessoas, muito menos do que na verdade deveriam ser, saíram às ruas para protestar contra a corrupção no Brasil. E não é para menos. Os noticiários desses últimos anos, invariavelmente, colocam às nossas vistas e ouvidos casos e casos de políticos que têm se locupletado do erário ou de outros esquemas que os cargos lhes propiciam. E pior que, mesmo descobertos, não sofrem as consequências previstas em lei. Meu amigo Gordurinha filosofava e me dizia que isto se dá porque na política para se eleger, a pessoa está em um patamar, mas, para se manter eleito o patamar é outro. Aí nesta de ter que se manter, principalmente tendo conhecido e experimentado as benesses e as facilidades do poder é que se começa a entrar pelos meandros escabrosos e inconfessáveis da manutenção do status. Para se consolar e não sofrer demais com crise de consciência (se é que esta existe), o corrupto se apoia no “se eu não fizer, outro faz”. Não posso crer que a gente já nasça estruturado e orientado para a corrupção, como se fosse algo herdado geneticamente, ou seja, corruptos natos, pois acredito, piamente, que nós, brasileiros, em sua maioria e essência, somos sérios, honestos e trabalhadores. Pensando no que acontece, entendo que está faltando para nós um controle fiscal, frequente e sistemático, e que a gente não fique à mercê de saber dos atos de corrupção desta minoria indecente, quando algum parente, por ser contrariado, ou um jornalista, liberado, abra o bico. Não podemos ficar dependendo de dedos duros que botam a boca no trombone, mas sim, de um sistema de fiscalização funcional, claro e eficiente, que detecte a corrupção no nascedouro. Precisamos de vigilância como acontece nos países considerados honestos. “Enquanto a gente ficar neste estado de falta de fiscalização e de impunidade” emenda o Gordurinha vamos na onda dos políticos, ou seja – mais vale andar mal acompanhado do que só”.