terça-feira, 11 de junho de 2013

IDENTIDADE

Outro dia, li no “AN” artigo de Jordi Castan sobre a identidade de Joinville. Em certo trecho, diz: “É esta falta de identidade que pode explicar por que hoje Joinville é uma cidade como tantas outras, amorfa, anódina, vagando no caminho sem volta de quem perdeu suas referências...”. Esta é uma afirmativa para se pensar e tentar entender o significado de cidade. Se formos à literatura, teremos definições das mais variadas amplitudes, mas fico com a de Kevin Lynch (“A Imagem da Cidade”, 1997), que diz: “A cidade não é construída para um indivíduo, mas para grande quantidade de pessoas, com origens variadas, com temperamentos diversos, de classes sociais e ocupações diferentes”. Depreendo daí que, sendo elas do tamanho e da forma que forem, são uma síntese real do pensar e do agir, em cada momento, de seus gestores e de seus habitantes. Sabe-se, também, que cada estrato social que a compõe tem a sua expectativa sobre a forma que a quer para viver, e não se pode ignorar no seu funcionamento que estes estratos formam uma sociedade contraditória, pois são diversos e desiguais econômica e culturalmente, criando impasses por seus pensamentos difusos, e há que se entender isso. Importante compreender, também, que a cidade é uma complexa rede de ideias e articulações políticas, econômicas e culturais, que orientam e regulam as pessoas que a compõem, sendo elas ali nascidas ou não. Então, ao definir a identidade da nossa cidade, temos que discernir estas evidências e os traumas causados pelas mudanças aceleradas dos últimos tempos, assim como a ruptura entre a experiência de viver, do passado e do presente. Joinville é uma realidade histórica e física ligada a todas as experiências que a envolvem: grande e rápido crescimento populacional miscigenado, forte fluxo econômico, disputas políticas com seus subterfúgios, conflitos e tensões sociais, problemas estruturais advindos do crescimento exacerbado, entre outros, e que não têm volta. Assim como cada um de nós, com nossas boas e más lembranças e experiências, a cidade sobrevive. Nós temos a felicidade de ter uma memória tecida mentalmente nas redes de relações que tivemos: políticas, sociais, culturais e simbólicas. Pelo crescimento e pela miscigenação, a cidade, com o passar do tempo, adquire novas formas. Por destino, cada um de nós leva em pensamento a identidade da sua Joinville. Ela, no entanto, estará em constante mutação e se reconstruindo. O que já foi, foi. Não retornará. O importante é tentarmos fazer por ela o melhor. E o que será o melhor?