segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CAPRICHO

Antes de sairmos de casa para ir para a escola nossa mãe nos enfileirava, eu e meus irmãos, para ver se o uniforme escolar estava limpo. Fazia questão de que chegássemos, ao Grupo Escolar Rui Barbosa, luzindo. Era capricho.
Capricho com a roupa dos filhos, com suas casas, deixando-as confortáveis, simpáticas e preparadas para qualquer ocasião era uma tônica joinvilense. Sempre ouvi de minha mãe: não somos ricos, mas nem por isso devemos deixar de ser caprichosos. Naquela época a gente usava calça Brim Coringa, comprada nas Pernambucanas, camisa de chita feita em casa e sapato Passo Doble. Mas existia capricho ao se vestir, não monitorado por grifes, mas sim pela limpeza e por roupas bem passadas. As minhas pela vó Maria, que fazia questão de fazer os vincos nas calças, com seu ferro de passar, aquecido a carvão.
Roupas limpas e passadas, unhas cortadas e limpas, educação ao falar, honestidade nas atitudes, personalidade, respeito e bom humor, são sinônimos de cuidado e atenção, ou seja, de Capricho.
Há 50 anos as ruas de Joinville eram calçadas com paralelepípedos bem assentados, arborizadas, as casas tinham belos jardins, eram pintadas e suas calçadas eram varridas. Dava gosto andar por elas. Capricho dos moradores.
A cidade foi formada por empreendedores que a colocaram no mundo, vitoriosa. Puro capricho.
Adoro flanar pelas suas ruas centrais aos sábados de manhã, pois o movimento das pessoas caminhando (encontrando amigos, distribuindo abraços e tudo bem contigo e com a tua família?) sempre me satisfez.
Sábado passado fiz isto! Andar pela rua XV, coração da cidade, foi frustrante. Cortaram as árvores e deixaram os tocos. A calçada, de pedras portuguesas, totalmente descaracterizada e irregular e com coisas querendo nos fazer crer que são floreiras.
Para encerrar fui dar uma olhada na nova urbanização da JK. Pois não é que amarraram os pontaletes da cerca central com arame aos postes e pior, nem uma árvore escapou. Amarrar a cerca em uma árvore, que teimosa insiste em permanecer no meio do canteiro é demais!
Fazer bem ou mal feito custa a mesma coisa. Aliás, na maioria das vezes fazer mal feito custa mais caro. Lembrando minha mãe: ninguém precisa de muito dinheiro para fazer bem feito. Só precisa capricho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário