quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ETT

Completei o ginásio no Bonja em 1967 e o Chico do Ernesto me disse: “ano que vem vais estudar na Escola Técnica Tupy”. “Pai, tu sabes que para entrar lá tenho que fazer uma prova?”. Naquela época o acesso era muito concorrido. “Sei disso. Mas vais tirar de letra. E lá, além de ser uma excelente escola, o curso é gratuito!”, completou. Em 1959, um dos históricos joinvilense , Hans Dieter Schmidt, na época presidente da Fundição Tupy, fundou a Escola Técnica. Ao visitar uma empresa Suíça, ficou encantado quando percebeu que a direção desta se preocupava com a comunidade, possibilitando às pessoas a educação para o aperfeiçoamento pessoal e profissional através de uma escola diferenciada. Sonhou uma igual para Joinville e a fez! Bom, no inicio de 1968, lá estava eu embarcando no ônibus do BEKA, ladeado pelos meus veteranos, João Paulo, Heinz, Johnny e Vitor, que moravam na pensão da Dona santinha, no lado do Bar do Chico do Ernesto, na avenida Procópio Gomes. Teoricamente, porque compravam fiado os “schnecks” que comiam no café da manhã no bar do meu pai, estariam ali para me proteger, já que os veteranos não davam refresco. Eram tempos de trotes. Chegando na ETT, o Heinz me disse: “Nós vamos te proteger, mas terás que me fazer um favor: quando chegarmos lá, vou te mostrar um veterano. Tu vais te aproximar dele e dizer: Querido e bom veterano “Kurt Kabunda”, poderias me informar como está passando a vossa irmã? Se ele te sorrir e responder, tudo bem. Se ele envermelhar, sai correndo!” Ao me mostrarem o veterano, um armário com as feições de um legitimo ariano e que lembrava um porteiro de Treblinka, senti que alguma coisa estava errada. Mas o que fazer? Malandrinho do Bucarein, queria fugir das tintas e das brincadeiras de mau gosto. Dei três voltas ao redor do anfiteatro e por ser magricela consegui fugir daquele alemão que, espumando de raiva, queria me trucidar. Depois de rirem muito, os veteranos acalmaram o “Kabunda” e passaram a me proteger. Ninguém mexia comigo. Belas recordações, tenho desta época. Lá fiz amigos e tive o prazer de ter tido aulas com grandes professores: Sylvio Sniecikovski, Théo Bub, Mariano Costa, Mário Moraes e tantos outros, que me mostraram os caminhos da engenharia e princípios de vida que trago até hoje. Uma das principais honrarias que tive em minha carreira foi ser alvo de reportagem no jornal da ETT, no quadro: “quem passa por aqui vai longe”. Acredito que neste momento me juntei a vários ex-alunos que são vencedores nas mais diversas áreas de atuação e que sentem o orgulho de terem vestido aquele uniforme marron-bege!

11 comentários:

  1. Passei por lá também, 1984 - 1986. Ainda era "gratuito", mas não lembro de problema com os Veteranos. Acho que porte físico era fator decisivo para trotes. rs Grandes lembranças, grandes amigos que até hoje se encontram e trocam figurinhas. Bons tempos.

    Flavio Marcello Strelow

    ResponderExcluir
  2. Estou até imaginando o Kurt correndo atrás de vc

    Sergio Gollnick

    ResponderExcluir
  3. Que legal Anselmo Fábio de Moraes!! Eu fui caloura do Flavio Marcello Strelow na segunda turma de PD!! A concorrência ainda era grande! Foi um tempo maravilhoso. Prof Sylvio ainda era diretor. Amei seu artigo!! Abraços Anselmo.

    Maristela Regina Weinfurter Teixeira

    ResponderExcluir
  4. Formei-me em Metalurgia em 1984 Anselmo Fábio de Moraes ! Muitos destes mestres seus também foram meus. Ótimo artigo. Do jeito que a gente gosta..
    Sirlei Cardoso da Silva

    ResponderExcluir
  5. ...usei aquele uniforme marrom-bege, por 5 anos, mas fazíamos sucesso com o uniforme, notadamente com o de gala, nos desfiles de 7 de setembro, aonde as meninas do Santos Anjos, Bom Jesus e do Celso Ramos, desfilavam e depois saiam correndo para ver nosso desfile.....éramos felizes e não sabíamos.
    Antonio Jorge Perini

    ResponderExcluir
  6. Excelente texto , Anselmo Fábio de Moraes!

    Carmen Silvia Fuchsberger

    ResponderExcluir
  7. Prof Anselmo! Bateu uma grande nostalgia quando li o seu texto! Também estudei lá, e carrego comigo até hoje, valores e aprendizados adquiridos nas salas de aula, laboratórios, corredores e quadras de esporte. Cheguei até a ser fuzileiro na banda marcial da escola!
    Muito Obrigado por compartilhar a sua história na ETT!
    Um forte abraço
    Nicklas Meyer

    ResponderExcluir
  8. Hanselmo (como Wittich Freitag o chamava) quando escreve volta a reviver o verdadeiro jornal A NOTIICIA que era dos joinvillenses...continue a nos brindar dos fatos acontecidos na esquina famosa do bar do CHICO DO ERNESTO e seus personagens
    Dorval Malburgo Schmitt

    ResponderExcluir
  9. Anselmo, bons momentos recordei lendo o seu texto. Saudades da turmas Mc 210, 120, 130...
    Geovane Marcelo Lima

    ResponderExcluir
  10. Saudades daqueles tempos, no Rio e Petrópolis.Eu acabei extraviando o disco, gostaria muito de saber se alguém teria. Meu e-mail é jh_spier@hotmail.com.
    Abraços a todos.

    ResponderExcluir