terça-feira, 6 de novembro de 2012

Surpresa

“E aí, Gordura!” – diz o Pirulito – “que achaste do resultado das eleições? Deu para entender a virada do seu Udo?” “Pois, Pirula, a coisa foi esquisita. Cara, o Kennedy dormiu prefeito e acordou deputado. Lembrou aquela que o Vieira perdeu aos 45 minutos do segundo tempo para o Lula (o nosso)”. “É verdade, Gordura. Lembro bem. Aquele que mergulhou lá perto de São Francisco dizendo que era no rio Cachoeira. É ruim, hein? Nesta ninguém prometeu purificar o nosso rio, mas tomara que apareça um iluminado e convença o homem a começar o processo, devagarinho, para ver se um dia chega lá. Já pensou a gente, agora velhinho, como na nossa infância, no portinho do Bucarein, pescando umas corvinotas?” “Pois é, irmão. O homem ganhou na credibilidade, acho. O joinvilense se mostrou tradicional e votou no gerente. Ficou com medo de arriscar de novo, pois a experiência baseada na retórica foi traumática. Vai saber, de repente, o povo ficou com saudades do seu Freitag”. “Pô, meu, mas este não era só gerente. Além disto, tinha um time de primeira no secretariado. Uma galera que conhecia a cidade e dizem que ele os escutava”, diz o Gordura. “Realmente, por tudo que fez, devia saber se assessorar, mas o seu Udo, pela experiência de vida, também deve, não achas?”, resmunga o Pirulito. “Está com a faca e o queijo na mão. Não teve apoio no segundo turno, não deve favor a ninguém! Pode colocar no secretariado quem quiser. Pode escolher a dedo. Apesar de dizerem que é meio teimoso”. “Que nada. Alemão não é teimoso. Teimoso é quem teima com ele! Uma coisa que me deixa meio cabreiro é que entendo que Joinville não precisa só de gestor. Para a gente conseguir traçar uma linha de futuro, além de arrumar a inhaca que está a cidade, o alcaide tem que ser, também, sonhador, para não dizer utópico. Tem que inventar e reinventar o cotidiano, senão vamos ficar na mesmice”, diz o Gordura. “Sabes que já pensei nisso?”, vociferou o Pirulito. “Se ele não é muito de sonhar, deveria reforçar o Ippuj com reconhecidos urbanistas e formar um grupo de gente interessada e competente, que ouçam e codifiquem as vozes da cidade, para projetar a Joinville das próximas gerações. Fazer um plano científico, estruturado e embasado em cidades que fazem certo e adaptadas à nossa realidade”. “Concordo contigo, Pirula. Vamos torcer, pois o que interessa é termos qualidade de vida para nossa gente!”, diz o Gordura, encerrando a conversa. *Mestre em engenharia civil

Um comentário:

  1. Anselmo,

    Parabéns pelo texto soube mostrar de forma clara o risco de uma administração municipal vista só desde o lado da gestão.

    O tempo dirá o quanto o seu texto é profético

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