terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cidadão lagunense

Há sempre um grau de romantismo em referência à cidade em que nascemos. Ali crescemos, fizemos amigos e parte da nossa história, que levamos por toda a vida como lembranças de um tempo vivido. Por outro lado, também existe certo grau ditatorial em relação ao lugar em que nascemos, pois não escolhemos nascer ali. Como somos frutos do amor dos nossos pais e estes ali residiam naquele momento, ali nascemos. Eu sempre tive comigo que, apesar do romantismo e até da melancolia que sinto quando estou fora de Joinville, me parece justo afirmar que mais do que do lugar onde nasci, sou dos lugares em que vivi. Sempre encarei assim, até porque, se assim não faço, sofro demais. Curitiba, Piracicaba, Niterói, Porto e Barcelona foram as cidades em que já morei e, hoje, me divido, por força do amor e do trabalho, entre Florianópolis e Laguna. Quando me perguntam de onde sou, respondo: “Nasci em Joinville, mas sou, também, de todas as cidades em que vivi! Delas trago boas e más lembranças, mas todas foram fotografadas pelas minhas retinas e estão gravadas em minha memória”. Disse-me, outro dia, meu filho Diego, que mora, uma eternidade, em Sydney: “De vez em quando, lá pelas curvas que a vida faz, bate uma saudade danada, imprevisível e inexplicável das paisagens e das pessoas da cidade da minha infância. Ela sempre me dá um sentimento de porto seguro”. “Isto é normal para quem é do mundo”, respondi, “e só acontece com quem não teve o privilégio de viver sempre na terra onde nasceu”. Por que estou falando disso? Porque na sexta feira, 14/12/2012, recebi o título de cidadão lagunense. O título me equipara a um filho oficial, como os nascidos na cidade. Os lagunenses, e não só os joinvilenses, são agora meus conterrâneos. Quando reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina, criei o Campus Sul nesta cidade. Há três anos, transferi residência para cá e aqui trabalho lecionando no curso de arquitetura e urbanismo, com muito orgulho. Era lagunense de fato, agora sou de direito. Não me sinto no direito de me envaidecer pela honraria, pois criar o campus foi um ato de servidor público que quer o melhor para a sociedade. No entanto, me sinto extremamente honrado e agradecido, pois, agora, se a vida, algum dia, me levar a morar em outras paragens, terei dois lugares de referência como porto seguro: Joinville e Laguna.

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