terça-feira, 10 de agosto de 2010

Excêntrica, por Anselmo Fábio de Moraes*

Em “AN”, na coluna “AN Portal”, de Jefferson Saavedra, de 20/7, leio: “Entre tantos problemas que atrasam a conclusão do Parque do Boa Vista (lista longa, vai desde desvalorização cambial até chuvas) está a necessidade de mudança dos decks no final das trilhas, onde o pessoal pode ficar de observação. O solo não suporta estruturas de concreto. Terão que ser de metal, uns R$ 700 mil mais caros. Não há prazo definido para a conclusão das obras do maior parque programado com a grana do Fonplata.”

Sinceramente, não consigo acreditar no que leio. Ou o colunista se enganou ou tem algo errado com quem fez o projeto, com quem financiou, com quem autorizou, ou com quem está gerenciando a obra. Senão, vejamos: quando a gente faz uma gambiarra em casa, aquelas famosas emendas de meia-água, sem projeto, para não gastar, não pagar arquiteto e nem engenheiro, muito menos Crea, INSS e Prefeitura, a gente define as fundações fazendo uns furos de trado manual como sondagem (coisa empírica e que qualquer pedreiro sabe fazer).

Agora, uma obra pública de porte, de milhares de reais, licitada com dinheiro de financiadora internacional, com arquitetos e engenheiros, vir com a argumentação de que a obra vai atrasar porque o solo não suporta estrutura de concreto? Tem que ter alguma coisa errada.

Não é possível que os arquitetos tenham feito o projeto e que os engenheiros tenham dimensionado as estruturas e agora nesta fase final da obra se use como desculpa para o atraso que o solo não suporta a estrutura dos decks e que esta tenha que ser mudada para estrutura de aço. Desculpem-me a sinceridade, mas estão brincando com a engenharia e com a minha inteligência. O mínimo que se faz em uma obra qualquer e que vai receber uma estrutura é, antes de começar o projeto, fazer uma sondagem do solo. Esta de que o solo não suporta estrutura de concreto é no mínimo brincadeira.

Se a notícia é verídica, eu diria que a desculpa da vez é, em termos de engenharia, no mínimo excêntrica, para não dizer ridícula. Como diria o Lilo Boca D’Água, figura das melhores nascida ali no Bucarein: “Quem inventa uma desculpa dessas em ano de eleição mente até pra padre no confessionário”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário