quinta-feira, 5 de maio de 2011

Indignação

Outro dia, na saída de um supermercado, encontrei meu amigo de infância, o Tinho (Orestes João dos Passos), indignado. Perguntei o porquê e ele me respondeu: “Olha só, comprei R$ 48 e dei uma nota de R$ 50. Pois a caixa teve que fazer a conta na calculadora pra me dar R$ 2 de troco. Não é de ficar cabreiro?” E continuou:

“Lembra quando fizemos o curso primário? A gente aprendia o ABC, depois os números, decorávamos as tabuadas e, como consequência, aprendíamos a fazer as quatro operações, além de ficarmos horas e horas decorando os pontos (textos de geografia e história). Aprendíamos pela repetição, o que parece ser hoje pelas novas teorias pedagógicas um pecado. Hoje, ninguém sabe fazer uma continha sem uma máquina calculadora.”

Ficamos ali relembrando o tempo em que a gente vinha caminhando pela nossa rua, a Gastão de Vidigal (antigo prolongamento da rua Alexandre Schlemm), e passávamos pela Ambalit, Asilo Abdon Batista até chegar ao Grupo Escolar Rui Barbosa. Pois é, eu disse: “Hoje, essa gurizada nem sozinha anda mais.”

E as nossas professoras? Impossível não relembrarmos delas uma vez que foram as mesmas: donas Dulce, Laci Flores, Irecê, Carmen Dias, Maria Anísia e Clotilde Amin.

Outro dia, eu li de um pedagogo (naquele tempo, professora era normalista) que a aprendizagem significativa necessita de cinco componentes na ação cognitiva do aluno: memória, atenção, motivação, linguagem e emoção. Dizia também que um bom professor deve conhecer estratégias para poder trabalhar a memória do aluno, claro que não uma memória mecânica, repetitiva, mas uma memória com a qual o aluno contextualize, com a qual o aluno associe saberes novos aos que naturalmente ele possui. Deve saber trabalhar a atenção do aluno, descobrir fórmula para captá-la e, principalmente, motivá-lo.

Fatalmente, os nossos professores normalistas não conheciam estas teorias, pois faziam a gente repetir e decorar. Eram outros tempos, mas que funcionava, funcionava. Em uma época em que não existiam tantas teorias pedagógicas, televisão e nem se imaginava a internet, eles conseguiam fazer estarmos sempre motivados, interessados e aprendendo. Talvez porque tinham mais envolvimento e emoção.

Ainda indignado, ele disse: “Quem não sabe quanto dá 50 menos 48, duvido que lembre o nome das suas professoras!”

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