terça-feira, 31 de maio de 2011

Neco Harger

Tem gente que nos dá muita tristeza quando se vai. Todos sabemos que nos separaremos um dia, mas a gente vai tendo consciência plena disto quando estamos margeando os 60 anos. Digo isto porque, nos dias de hoje, é por aí que começam a ir embora os nossos amigos e, daqui a pouco, nós mesmos.

Outro dia, longe de Joinville, como faço sempre, li o “AN”. Sempre leio tudo, inclusive, talvez por estar virando sessentão, o obituário. Quando novo, achava engraçado quando via o Chico do Ernesto, meu pai, lendo esta parte do jornal. Hoje, já não acho mais. Virou rotina.

Enquanto não somos nós, os que se vão nos deixam com as saudades de todas as conversas jogadas fora, das boas risadas, dos momentos compartilhados, da divisão dos sonhos de salvar o mundo, das lágrimas choradas, das angústias divididas, enfim, de todos os momentos vividos, bons e maus.

O que me faz refletir hoje, quando perco um daqueles amigos que não via há muito, pois estávamos separados por uma destas encruzilhadas que a vida nos apresenta, é a sensação do tempo de convivência perdido. Sabemos que o contato do olhar, do abraço apertado e da satisfação de ver o outro é insubstituível e, no entanto, a vida vai passando e nos esquecemos disso, e só vamos nos lembrar na hora da perda. Uma lástima, pois quando o outro se vai não dá mais tempo para manifestar o nosso prazer pela convivência mútua, só para lamentar.

Sabes aquele amigo que quando tu encontras teu ânimo aumenta? Aquela pessoa que está sempre pronta a te ajudar? Que sempre tem uma palavra amiga? Que transmite a felicidade ao te ver e que a recíproca é verdadeira? Uma destas pessoas, para mim, era o Neco Harger!

Meu amigo de juventude não era ele, era o Paulinho, seu irmão. O Neco era bem mais novo que nós. Nos nossos 17, 18 anos, quando vínhamos de uma noitada no Ginástico e íamos à casa dos pais dele “filar” um café com chineque, o Neco ainda estava dormindo, mas, como o tempo passa, ele cresceu! E no crescimento dele, formamos uma grande amizade.

Infelizmente, só soube da viagem depois de ela ter sido iniciada. Queria muito ter participado da despedida. Até um dia, meu irmão. Encontro-te no alpendre da morada do Grande Arquiteto do Universo.

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