segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Classe média


O ex-presidente da República Lula fez, em 23/12, seu último pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV. Entre tantas autovalorizações, disse: “Promovemos a maior ascensão social de todos os tempos, retirando 28 milhões de pessoas da linha da pobreza e fazendo com que 36 milhões entrassem na classe média”. Como os números divulgados, no Brasil, nunca batem com a realidade, fiquei encucado com a afirmação e, principalmente, com a definição do que se considera classe média.

A pesquisa “A Nova Classe Média”, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas, diz que a pobreza diminuiu no Brasil. Segundo o estudo, a classe C, considerada a classe média no País, era de 51,89% em abril de 2008. Considerando o Censo 2010, existem no Brasil, aproximadamente, 190 milhões de habitantes, portanto, 95 milhões de pessoas estão nesta classe.

Acrescenta ainda que é classe média quem tem renda variando entre R$ 1.064 e R$ 4.591 (como na pesquisa não diz, imagino que seja rendimento bruto, portanto, ainda tem de se descontar os encargos). Mesmo que seja rendimento líquido, esta divisão me traz alguns questionamentos. Uma pessoa que ganha R$ 1.064 por mês (R$ 12 mil por ano) pode fazer o mesmo que uma que ganha R$ 4.591 (R$ 50 mil por ano)? Com R$ 1.064 por mês, pode uma família com três pessoas ter em termos de hábitos de consumo o que se vê pelo mundo afora nas classes médias: casa, carro, lazer, viajem nas férias, acesso ao sistema de saúde, filhos em boa escola, seguro de vida, poupança? As que ganham R$ 4,5 mil por mês, se tiverem vida regrada, talvez consigam, pois ganhar quatro vezes mais, nesta variação de valores, é uma diferença monstruosa.

Logo, pode-se deduzir que a faixa adotada para definir classe média não condiz com a realidade, me parecendo forçada, para que possa sugerir algo irreal.

Percebe-se pelos dados divulgados, em pesquisas, que houve avanços em termos salariais nos últimos anos. Porém, no meu entender, colocar pessoas na classe média com o valor R$ 1.064 por mês, que mal dá para pagar o básico para a sobrevivência (alimentação, remédios, luz, água, educação, aluguel, transporte) é devaneio apoiado em classificação e números forçados.

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