segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Novo ano, tudo velho


Estive pensando no por que da minha descrença com as festas de Ano-novo. Pior é que é uma descrença antiga. Juro que eu gostaria de começar o ano com uma crônica positiva, motivadora. Pensei sobre vários assuntos para escrever, mas é difícil, após terminarmos o ano com uma nova sacanagem: o aumento de salário dos deputados e o seu efeito cascata. E, se só isto não bastasse, tenho de aguentar as despedidas e o teatro de quem se vai. Só pra não passar batido, ainda vejo aqui no nosso quintal a união de dois blocos políticos antagônicos que se juntaram para eleger um dito inimigo do prefeito, presidente da Câmara de Vereadores. Será que agora serão amigos? Passa ano, entra ano e nada muda. Continuo me sentindo um “trouxa”.

Pensei no Chico do Ernesto, que nunca vi dormir no dia 31 de dezembro após as dez da noite, aliás, como fazia todos os dias. “Sono recuperador é o de antes da meia-noite e, pra mim, todo dia que acordo é um dia novo e nele começa outro ano”, dizia. Frase esta que sempre me levou a pensar que essa história de comemorar ano novo é uma invencionice! É uma comercialização da esperança. Uma medida ilusória da passagem do tempo.

A gente, de tanto ver as pessoas reclamarem que estão cansadas e que se o ano não acabasse morreriam, até tem a tendência de acreditar. Mas o que acontece? Neguinho passa a virada, enche a cara de Sidra, devora o coitado do porco, só porque fuça pra frente, come lentilha, pula onda e joga flor no mar. Na manhã seguinte, dia primeiro, acorda com gosto de cabo de guarda-chuva na boca, mas acreditando no milagre da renovação, já se sentindo descansado e acreditando que dali para adiante tudo vai ser diferente. Mero engano.

Tudo que existe em dezembro deste ano continuará existindo em janeiro do próximo. O sistema público de saúde, de educação, de segurança e os maus políticos continuarão os mesmos. Bom, sai o Lula e entra a Dilma. Quem sabe, mude. Aqui na nossa paróquia, os vereadores, “experts”, continuarão discutindo o planejamento urbano, rua por rua, o aumento da passagem de ônibus e o prefeito inaugurando calçadas e semáforos. E a minha descrença continua. Como diria minha amiga Cris: “ÓhmoDeus! Será que isto muda um dia?”.

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