sexta-feira, 28 de maio de 2010

Afonso x Gastão

Na esquina das ruas Afonso Pena e Laguna, na época em que computador, video game e celular eram ficção científica, havia um campo de futebol de areia. Anos 1960, no bairro Bucarein, Joinville. Era ali que a molecada se divertia jogando bola e sacaneando quem perdia. Às vezes, o “pau quebrava”, mas fazia parte.A maior rivalidade era entre as turmas das ruas Afonso Pena e Gastão de Vidigal. Certa feita, a dona Olga, mãe do Cassemiro, que era da Afonso, resolveu criar um clássico, tira-teima, entre os dois times. O que ganhasse levaria um belo troféu, e o perdedor, bolo com capilé.Chegou o grande sábado. As torcidas se espremiam para não perderem o embate. Como juiz, foi escalado o Bebeco. O time da Afonso tinha: Brígido Barata no gol, Ademir e Sílvio Arrióla, Gastão e Pedro Zimmer, Celso Cachorro, Luiz Chemeco e Cassemiro. Técnico: Pedro Ferrugem. Roupeiro: Vicente, filho do Loló; e massagista, o primeiro gay assumido do Bucarein: Mimi.Pela Gastão, estavam: Jair do Chico Boia no gol, Odil Cota, Chiquita, Caloto, Nato Garcia, Arino Gordurinha, Pinga, Nego Sapo; gandula: Pirulito do Chico; e técnico: Gê da Mariazinha. O jogo corria bem. Todos educadamente comportados, afinal, a dona Olga estava no comando. Faltavam cinco minutos para o final, um a um.O time da Afonso pressionando e o Jair pegando até pensamento. Dois pra acabar, o Odil recebe a bola no meio do campo e o Gê grita: “Corre, gordurinha”. Este se lança pra cima do gol adversário. O Odil chuta, a bola bate nas costas do gordura e encobre o Brígido. Dois a um.Final de jogo. Cassemiro, inconformado, olha pro Pedro Ferrugem. Este parte pra cima do Bebeco. Mas ele era um “armário”. Os dois ficam de empurra e dona Olga, inconformada, mas que não queria rolo, entrou no meio e acabou com o entrevero. “Eles ganharam, eles levam o prêmio”.Chamou a gurizada e disse: quem ganhou leva o melhor prêmio: o bolo com capilé. Quem perdeu leva o troféu. Como com ela não tinha nem mais e nem menos, voltamos pra Gastão cada um com um pedaço de bolo de fubá e um copo de plástico cheio de capilé de groselha. Duro foi engolir o sorriso do Cassemiro, mas fazer o quê? Mãe é mãe!

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