sexta-feira, 28 de maio de 2010

Natal

A imagem que me vem é de minha mãe enfeitando o pinheirinho. Árvore de verdade, araucárias cultivadas pela dona Olga Schroeder para vender aos vizinhos. Eram enfeitadas com bolas de vidro vermelhas, velinhas coloridas, fios de prata e algodão, imitando neve.Natal nos reporta a lembranças. É comemorado na grande maioria dos lares pelo mundo afora, desde os mais humildes até os mais abastados, de forma especial pelas crianças que, ansiosas, esperam pelo presente do Papai Noel. Para alguns, presentes caros e sofisticados e, para outros, a rara oportunidade de receber algo, mesmo que de segunda mão.Na minha casa não era diferente. Quantas vezes o desejo não se realizou, não por falta de vontade nem de amor dos meus pais, mas por falta de condições para comprar aquilo que almejávamosHoje, entendo esse não ganhar, que naquele momento era de frustração, como lição de vida e de esperança no futuro. Tínhamos o suficiente para viver bem e agradecíamos por isto, mantendo a esperança para o próximo Natal. O valor de estar em família, ao redor do pinheirinho, naquela sala iluminada pelas luzes das velas acesas, superava a frustração do desejo não-atendido.Dia 25, pela manhã, íamos à missa para agradecer ao aniversariante. Camisa nova, tênis “Bamba maioral”, todo prosa. Como era bom sair à rua e ser reconhecido pelas pessoas mais velhas que nos chamavam pelo nome e diziam: “Que camisa bonita ganhaste do Papai Noel!” Sentíamo-nos gente naquele que era o nosso lugar, o nosso bairro.Tristes crianças de hoje que não saem mais na rua, não conhecem, não falam, não trocam olhares nem sabem os nomes de seus vizinhos. Meio dia, do dia 25, família reunida à mesa para o almoço. Macarrão da Stein, galinha ensopada retirada do próprio quintal, morta e limpa pela vó Maria, maionese caseira e gengibirra. Meu pai sempre degustava naquele dia uma Faixa Azul.Tempos difíceis, mas nossos pais nos faziam entender que o que valia era viver a data em honra ao nascimento de Cristo, com saúde, respeito e união familiar. Minhas lembranças são boas e espero que as suas também sejam. Feliz Natal!

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