sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cidade definida

Joinville, como qualquer outra cidade, tem a sua alma fabricada pela história do seu povo, nas ruas do Centro e dos bairros. O Centro, coração da cidade de Joinville, tem a variedade e a multiplicidade de usos que caracterizam o fazer urbano, tendo com isto alta densidade de circulação de pessoas.Por ser mais antigo, acaba tendo carência de equipamentos, de áreas verdes e uma estrutura viária incapaz de absorver o tráfego que a periferia dispersa descarrega sobre ele.Com a queda da qualidade ambiental, o Centro vira vítima do seu próprio êxito funcional. Produz um previsível êxodo das pessoas que ali residem, expulsas pela paulatina perda da sensação do bem-estar.A substituição do residir por outras atividades vem degradando este espaço, de valor histórico, estético e cultural, dominado por fachadas pasteurizadas, pelo tráfego irritante e pela insegurança, ocasionada pela desertificação no período noturno e finais de semana.Desvalorizado o Centro, a especulação imobiliária dentro de uma visão comercial e imediatista volta-se para as casas históricas dos bairros residenciais contíguos que exprimem, ainda, um remanso de qualidade ambiental.Passam a ser cobiçadas por olhares outros, que enxergam nelas um valor representativo aos seus negócios e, em seus terrenos, espaços de estacionamento gratuito, cada vez mais difícil em vias públicas. No mesmo sentido, os proprietários vislumbram uma maneira de alcançar uma receita e morar em lugar mais tranquilo.Este será um objetivo diário e constante dos que querem se apropriar destes espaços valorizados. É necessário, então, que surjam (da comunidade, do Legislativo e do Executivo) objetivos e direcionamentos sérios, envolventes, refletidos, que criem e validem políticas urbanísticas de qualidade.Não dá mais para ficar retalhando a cidade sem enxergá-la como um todo e sem considerar a morfologia de cada espaço, respeitando-a.Caso queira-se intervir no nosso tecido urbano, que os objetivos sejam os de melhorar a qualidade de vida e não o de interesses pessoais. Se não tomar-se atitudes coerentes, planejadas e determinantes, fatalmente a cidade ficará amorfa, desinteressante e “sem alma”.

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