sexta-feira, 28 de maio de 2010

Para refletir

Na porta de um cemitério encontrei: “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”. Frase para reflexão. Pensar em como temos orientado o nosso viver. Sempre tive comigo que o bem ou o mal fazer e como o vivente orientou suas escolhas refletem no seu enterro.Existe coisa pior do que, na hora de levar o caixão, alguém dizer: “Psiu, dá uma mãozinha aqui?” Dá para avaliar os princípios e os fins de alguém quando há seis ansiosos (um para cada alça e com reservas) para carregá-lo. Deve ser angustiante partir sem deixar rastro, marca nenhuma. Não ter feito nada de relevante que fique gravado para a posteridade. “Passar desta pra outra” sem tornar-se imortal para ninguém. O grau de frustração que vivemos é consequência das nossas escolhas.Num prédio de Corpo de Bombeiros de Ramalde, em Portugal, li outra frase daquelas que nos levam a pensar. Dizia, numa placa de bronze: “Que nos perdoem os vindouros pela falta de ousadia”.Imaginem a pessoa inaugurando um prédio e dizendo isto. É muita honestidade alicerçada em frustração. Honestidade por reconhecer que poderia ter feito mais e melhor e não fez por falta de ousadia. É frustrante só fazer o mais fácil, o necessário, sem sonhar, sem ousar. No poema “Vida”, Augusto Branco diz:“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é ‘muito’ para ser insignificante”.Podemos muito mais do que fazemos. Em situação de crise, onde somos obrigados a renascer, ficamos pasmados ao descobrir o quanto somos talentosos e ousados. Ousar ser diferente quando todos seguem um padrão. Sem ousadia para realizar, sem pelo menos tentar transformar a utopia em realidade, a existência é frustrante.Todos temos o mesmo ponto de partida: o dia em que nascemos. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um. Que tenhamos seis para nos carregar, amigos para nos abraçar na chegada e que os vindouros nos admirem pelo que ousamos.

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