sexta-feira, 28 de maio de 2010

Universidade Federal da Região de Joinville

Quando pequeno, ali no Bucarein, quando a gente ganhava uma roupa usada e reclamava para o Chico do Ernesto, nosso pai, que esta era feia, ele dizia: “Cavalo dado não se olha os dentes”.
Qualquer joinvillense, em sã consciência, é a favor Universidade Federal, que inclusive, já vem tarde. Mas somos obrigados a discutir o local escolhido para a sua implantação.
Quais foram os indicadores analisados para definir aquele local?
Não precisamos ser urbanistas e nem observadores antenados, para saber que ao lado de uma universidade pública e gratuita, surgirá um novo bairro. Aliás, nas décadas de 60 e 70, as universidades eram implantadas o mais longe possível dos centros urbanos, por motivos óbvios: “estudante quanto mais longe melhor, menos incomoda”. Mas isto não comprovou verdade, porque no entorno de todas as universidades alocadas longe surgiram bairros populosos e carentes de infra-estrutura, exigidos pela própria pressão dos que utilizam este equipamento urbano comunitário.
Os jovens, que lá estudarão, serão em sua maioria de outras regiões e precisarão morar, se locomover, divertir, comer, comprar “miojo”, etc...
Joinville tem uma região onde existe uma “cidade universitária”, ou seja, a região da nossa universidade municipal (UNIVILLE) e da nossa universidade estadual (UDESC), onde gravitam cerca de quinze mil estudantes, técnicos administrativos e professores. Naquela região existe infra-estrutura de transporte e das outras necessidades dos jovens. Até um grande centro comercial está sendo projetado (inclusive com mudança do plano diretor).
Então me questiono? Quem teve a idéia de definir a nossa UF, na curva do arroz?
Este local tem todos os condicionantes desfavoráveis à instalação do Campus. Senão vejamos: Rede de alta tensão (com restrições construtivas), futuro ramal ferroviário (que dividirá o terreno em dois), área inundável (antigo arrozal, impróprio à ocupação, a não ser que se faça um grande trabalho de terraplenagem), área recortada pelo terreno de um posto de abastecimento e pior, área rural.
No Macrozoneamento que acompanha a Lei de Uso do solo em vigor 27/96 é uma Aruc - Área de urbanização controlada e no Macrozoeamento aprovado na Lei do Plano Diretor 261/08, ela permite atividades agrosilvostoris basicamente. Chamada de ART –I, Área rural de transição industrial (ver internet www.ippuj.sc.gov.br). Na ART -I - o conceito de área rural é permitir atividades urbanas que possam apoiar a agroindústria. Este tipo de área
de transição é muito polêmica, e pode acabar ampliando o perímetro urbano, mas a idéia, é ter uma região de amortecimento da pressão causada pela urbanização.
Qualquer pessoa desconhecedora da lei ou refratária ao planejamento urbano e ao que o aumento do perímetro pode causar, ao ler o que planejou o IPPUJ e foi aprovado pelos nossos vereadores, fazendo a ligação com que vai acontecer ao entorno da nova universidade, pode desde já saber que o Plano Diretor de Joinville será alterado pela pressão da urbanização.
Foi ouvida a comunidade sobre o local? Foi feito EIA (Estudo de Impacto Ambiental)? Foi executado EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança)? Todos exigidos pelo Estatuto da Cidade.......Ou foi naquela de: fazemos e depois ninguém terá coragem de mexer.........
E ainda, para terminar, diziam alguns candidatos a prefeito, na eleição próxima passada, que criarão um “eixão rodoviário” ligando os campi.
Que o novo prefeito tenha coragem de cortar o mal pela raiz. Deixar que a curva do arroz continue como previsto na Lei do Plano Diretor e comprar uma nova área na região contígua às outras duas universidades, unindo a massa pensante, somando as capacidades existentes em uma grande cidade universitária (inclusive para o futuro Parque Tecnológico, em estudos) e aproveitando a infra-estrutura construída. É mais lógico! Além de unir forças, não estará se desperdiçando o erário público com uma nova infra-estrutura e nem levando a cidade para onde ela não foi planejada.
È óbvio e cristalino que queremos o “cavalo”......mas que ele não venha com vício de nascença e nem com os dentes cariados e banguela.

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